terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Saúde Comunitária

Apesar de ser uma cidade indiana relativamente pequena, Mangalore tem imensos Hospitais, desde públicos a privados, mas todos localizados no centro. As populações periféricas, embora espacialmente perto, encontram-se temporalmente longe (como já pudémos exemplificar aqui, há uma "teoria da relatividade espacio-temporal indiana"). Assim, quisémos saber como é que as pessoas com menos recursos financeiros das zonas rurais próximas de Mangalore podem ter acesso aos cuidados de Saúde.

O Father Muller Medical College Hospital tem uma componente de Saúde Comunitária. Há um pequeno hospital (mesmo assim com 100 camas) que funciona como extensão do Hospital principal, em Thumbay (arredores da cidade - +/20km).

Entrada principal do Thumbay Hospital
Do hospital principal, sai um autocarro que leva os profissionais até ao hospital periférico, e daí para as diferentes localidades rurais.
Fomos para Mundage Benjana Padavu, uma comunidade com aproximadamente 200 famílias e que recebe a visita da equipa do Hospital 2 vezes por semana. A viagem demorou cerca de 30 minutos, já com uma vista natural espectacular!

Como o director quis falar connosco e perdemos o autocarro, tivemos que ir num carro com motorista...
O autocarro amarelo do hospital, exactamente igual aos autocarros escolares
O interior, ainda forradinho para ninguém estragar!
A placa de identificação à entrada do Centro
A equipa central é constituida por 3 pessoas: médico (que normalmente está também com um interno/estudante de Medicina), uma técnica de saúde que explica e fornece a medicação prescrita e um técnico que preenche e organiza os processos, por família e dentro de cada família os processos individuais. 
As consultas e a medicação são totalmente gratuitas para os doentes. No caso de pessoas que não se consigam deslocar, são realizadas visitas domiciliárias. Quando é necessário, os doentes são referenciados para o Hospital. 

A pasta familiar com os processos individuais dentro
Uma das utentes do centro
Durante a manhã em que estivemos com a equipa foram vistos 30 doentes. A maior parte dos casos são infecções (muita dermatologia, pneumologia e ORL) e acompanhamentos de doentes com Hipertensão e Diabetes. A maioria das pessoas (quase todas) que aproveita este serviço gratuito são mulheres e crianças. As consultas são dadas numa única sala, havendo uma cortina de separação. Como é comum aqui, as consultas são feitas no mesmo espaço ao mesmo tempo, com os doentes todos presentes.




As crianças aqui ficaram encantados por terem visitas e estiveram sempre muito curiosos com tudo!
A medicação está em embalagens comunitárias, normalmente com 100 comprimidos. Conforme a prescrição são dadas às pessoas os comprimidos necessários para um determinado tempo, normalmente entre 5-10 dias. No caso de xarope… Bem, dão mais o menos metade de uma garrafa, mas claro que depende do tamanho da garrafa!


Armário da medicação

Distribuição de Xarope aproveitando garrafas usadas...
Junto ao posto de saúde, está uma creche que tinha na altura cerca de 10 crianças entre os 2-5 anos. Quando souberam da nossa visita convidaram-nos para ir conhecer o espaço e as crianças, que ao início estavam muito tímidas mas acabaram por ficar à vontade e mesmo a brincar connosco, e mostraram-nos uma dança que andavam a treinar, ao som do telemóvel da professora.
Os cartazes estão tanto em Kannada (língua do estado de Karnatka) como em Inglês 
As educadoras e algumas das crianças da creche



Adoraram ver-se a dançar no filme


Um fantasma que assombrou a comunidade
Estes dois rapazes acabaram por nos ir mostrar a zona onde vivem, sempre muito divertidos, iam chamando as pessoas de casa em casa para nos cumprimentarem e tirarem fotos connosco.

Numa das extremidades da comunidade fica o templo
Lavar a roupa assim não é fácil!


Um pouco assustada por ver estranhos…

Numa das zonas encontramos muita gente reunida, a preparar um pequeno festival local. Assim que nos viram, chamaram-nos para nos sentarmos com eles e partilharmos o seu almoço. Ofereceram-nos alguma fruta, um doce regional e quiseram tirar fotos connosco! E assim trocámos alguns minutos muito divertidos! 

Sempre na brincadeira uns com os outros e connosco
Uma pausa para convívio
Quiseram deixar uma marca nos nossos apontamentos

A despedida da comunidade
Foi uma óptima manhã. A curta visita à comunidade e a estas calorosas famílias deixou-nos de coração cheio, e com vontade de conhecer mais deste trabalho que é feito pelo Hospital nos meios rurais e mais desfavorecidos. 
Desta vez, conhecemos a mais recente e pequena comunidade à qual o hospital dá apoio, mas na viagem de volta ficou o convite para voltarmos num outro dia e conhecer uma comunidade maior, onde a realidade é um pouco diferente. Aceitámos, claro! Mas isso fica para um próximo post! 

1 comentário:

  1. Uma noção diferente dos cuidados médicos um bocadinho fora dos centros urbanos e uma experiência espectacular =)
    Algumas das fotos também espectaculares =P

    Beijinhos
    Fifi

    ResponderEliminar